top of page
  • Foto do escritorFátima Osmari Burin

A Educação Musical como promotora do desenvolvimento de Competências

Atualizado: 19 de out. de 2020

A fase da educação infantil é momento de descobertas, de interações e brincadeiras. Neste sentido, a inserção da educação musical nas escolas possibilita momentos divertidos e de aprendizagens plenas, pois para Loureiro (2003, p. 11), a “educação musical tem uma função socializadora e vem contribuir no desenvolvimento e na formação integral do indivíduo”.


As competências Socioemocionais são, como apontam as pesquisas de Tough (2014); Heckman (2015); Fadel (2015); Delors (1996); Instituto Ayrton Senna (2016), e OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), alavancas para que os alunos aprendam plenamente os conteúdos escolares, pois favorecem a construção de competências cognitivas.

No âmbito das Competências Socioemocionais, a autora Loureiro (2003, p. 114), nos diz que a música “[...] é uma prática social, pois nela estão inseridos valores e significados atribuídos aos indivíduos e à sociedade que a constrói e que dela se ocupam”.


Nesta interação é que são despertadas competências determinantes para o convívio social, pois uma prática pedagógica onde traz atividades musicais bem estruturadas fomenta a reflexão, a criticidade e o debate entre as crianças; estrutura o aprendizado do aluno, pois permite a exposição em situações complexas, com resultados múltiplos oriundos do protagonismo e do trabalho colaborativo entre pares.


Segundo Velázquez (2017, p.10) “[...] as realizações musicais são sempre coletivas. Mesmo quando cantamos a sós, há em nossa imaginação instrumentos acompanhantes, vozes correlatas, reações e intervenções externas que nos obrigam a ajustar nossa interpretação.”


Ainda, para Leonardo (2010, p. 69), “a Educação Musical é disciplina central das emoções, pois com ela a criança desenvolve em pleno as suas capacidades de expressão aliadas às suas capacidades cognitivas”.


Quanto mais desenvolvido for o cérebro emocional, também será o cérebro racional e vice-versa, pois são complementares. O facto de a música não ‘julgar’ nem ‘condenar’, contribui para a livre expressão de sentimentos. Nem todas as crianças irão fruir de modo igual dos benefícios da Educação Musical para o seu equilíbrio racional e emocional, mas a disciplina a todos oferece a mesma oportunidade, sendo a disciplina mestre da inclusão e da empatia (LEONARDO, 2010, p.69).

Ainda segundo Muszkat (2010, p. 69) a “exposição precoce à música contribui para a construção de um cérebro biologicamente mais conectado, fluido, emocionalmente competente e criativo.”

As crianças, de maneira geral, expressam as emoções mais facilmente pela música do que pelas palavras. Neste sentido, o estudo da música pode ser uma ferramenta única para ampliação do desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, incluindo aquelas com transtornos ou disfunções do neurodesenvolvimento como o déficit de atenção e a dislexia. (MUSZKAT, 2010, p. 68).

Neste sentido, a educação musical é total sensibilidade, ela desperta as emoções desenvolvendo habilidades, capacidades e competências que auxiliam no desenvolvimento da criança, mesmo de forma inconsciente, como nos diz Velázquez (2017, p.9) “enquanto a música soa tamborilam com os dedos ou, involuntariamente, balançam o pé. Por outras palavras, a experiência musical provoca e conduz descargas emocionais”.


Já no âmbito cognitivo, Leonardo (2017, p.130), nos diz que “ao executar diferentes tarefas musicais como ouvir, tocar um instrumento musical, interagir em grupo através da canção, da dança, da partilha de emoções, o aluno está a maximizar a função cerebral, colhendo resultados positivos na capacidade cognitiva”.

Cantar canções em aula, bater ritmos, movimentar-se, dançar, balançar partes do corpo ao som de música, ouvir vários tipos de melodias e ritmos, manusear objetos sonoros e instrumentos musicais, reconhecer canções, desenvolver notações espontâneas antes mesmo do aprendizado da leitura musical, participar de jogos musicais, acompanhar rimas e parlendas com gestos, encenar cenas musicais, participar de jogos de mímica de instrumentos e sons, aprender e criar histórias musicais, compor canções, inventar músicas, cantar espontaneamente, construir instrumentos musicais; essas são algumas das atividades que devem necessariamente fazer parte da musicalização das crianças. Todas essas atividades são benéficas e podem contribuir para o bom desenvolvimento do cérebro da criança (ILARI, 2003, p. 14).

Sendo assim, a educação musical é importante no desenvolvimento de competências, tanto no âmbito socioemocioal que permite desenvolver habilidades relacionadas às emoções e a sociabilidade, quanto no âmbito cognitivo, que contribui para o desenvolvimento de habilidades mais sistemáticas e intelectuais.

Fazer música, no sentido estrito do termo, é, pois, preparar-se à prática de um modelo dinâmico que, simultaneamente, nos âmbitos cognitivo e socioemocional, dispor-nos-á à cooperatividade, altruísmo, organização, disciplina e ética, por serem competências coletivas; tanto quanto à perseverança, resiliência, criatividade, autoestima e motivação, por serem consequências da articulação de sentido. (VELÁZQUEZ, 2017, p. 18).

 

REFERÊNCIAS


BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília. Congresso Nacional, 2017.

DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. Brasília: UNESCO, 1996.

FADEL, Charles. Educação em quatro dimensões: as competências que os estudantes precisam para atingir o sucesso. São Paulo: Instituto Península e Instituto Ayrton Senna, 2015.

HECKMAN, James. O bom de educar desde cedo. Entrevista para a Revista Educar para crescer. Rio de Janeiro: Revista Abril, 2015. Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/entrevista-james-heckman-477453.shtml> . Acesso em: 17 de maio de 2018.

ILARI, BEATRIZ. A música e o cérebro: algumas implicações do neurodesenvolvimento param a educação musical. Revista da ABEM, Porto Alegre, n. 9, p. 7 – 16. Disponível em:

LEONARDO, Ana Maria Manito. O Ensino da música e o despertar de emoções. Coimbra, 2017.

LOUREIRO, A. M. A. O ensino da música na escola fundamental. São Paulo: Papirus, 2003.

MUSZKAT, M. (2010). Música, neurociência e desenvolvimento humano. Disponível em: http://www.amusicanaescola.com.br/pdf/Mauro_Muszkat.pdf. Acesso em: 21 de maio de 2018.

PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre. Artmed. 2000.

___________________.Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.

TOUGH, Paul. Uma questão de caráter. São Paulo: Intrínseca, 2014.

VELÁZQUEZ, C. . Educar em Si: Variações sobre o tema das Competências Socioemocionais. EDUCAÇÃO E FILOSOFIA (UFU. IMPRESSO), v. 31, p. 811-831, mai./ago. 2017.


1.712 visualizações

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page