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  • Foto do escritorFátima Osmari Burin

As emoções e a afetividade na aprendizagem segundo Wallon

Atualizado: 24 de ago. de 2021

Henri Wallon (1879-1962) foi um médico, professor e psicólogo francês, cujos estudos foram centrados no desenvolvimento infantil, abordando as dimensões cognitiva, afetiva e motora. Wallon não estudou a criança como um ser fragmentado, mas como um ser completo, um ser integral e constituinte do meio sociocultural em que vive.


Como referência metodológica para seus estudos e pesquisas sobre o desenvolvimento da criança, Wallon utilizou as bases fornecidas pelo materialismo histórico-dialético. Essa concepção permitiu compreender o desenvolvimento humano também como um processo dialético, marcado por descontinuidades, rupturas e crises.

Neste sentido, para Wallon, o desenvolvimento do pensamento infantil não ocorre de forma contínua, ele é marcado por descontinuidades, crises e conflitos. Conflitos e contradições fazem parte do desenvolvimento psíquico normal da criança e não são necessariamente problemas a serem combatidos pelos educadores, pois auxiliam no processo de desenvolvimento mental.


Na sua teoria, Wallon dá um destaque ao caráter social, discutindo também os processos e ambientes sociais nos quais vivem as crianças, principalmente na escola. Seu estudo identificou que a criança precisa do convívio social com adultos e com outras crianças para experimentar relações diferentes daqueles familiares, aprendendo a lidar com sentimentos relacionados, como por exemplo a aceitação, trabalho em grupo, superações de conflitos e frustrações.


Para Wallon, a inteligência se desenvolve após a afetividade. A inteligência surge de dentro da afetividade e estabelece uma certa relação de conflito. Para alimentar a inteligência se faz necessário mobilizar os afetos. Wallon propõe três campos funcionais, que no início da vida são indiferenciados e imaturos: a emoção (afetividade), o ato motor (psicomotricidade/movimento) e a inteligência. O progresso nesses campos está ligado às relações sociais e a maturação neurológica. A integração destes 3 campos funcionais dá origem a pessoa integral, que segundo Wallon é representada pelo conjunto dos âmbitos afetivo, motor e cognitivo e também, pela integração dinâmica entre o orgânico e o social.


A teoria walloniana representa um marco importante no pensamento pedagógico, pois até então, a afetividade era pouco considerada no processo educativo. Segundo Wallon, podemos compreender a afetividade de forma abrangente, como um conjunto funcional que emerge do orgânico e adquire uma forma social na relação com o outro e que é uma dimensão fundante na formação integral do indivíduo.


A emoção ocupa um lugar de destaque nas concepções de Henri Wallon, pois para ele a emoção tem papel central na evolução da consciência de si, sendo um fenômeno orgânico, psíquico e social.


Para Wallon é relevante que a escola ofereça formação integral para as crianças e alunos e que, a sala de aula não seja um espaço para estar apenas o corpo da criança, mas também suas emoções, sentimentos e sensações. A afetividade é colocada em primeiro lugar, porque é através da emoção que a criança faz a comunicação e o intercâmbio entre os indivíduos, possibilitando seu desenvolvimento pleno e formando sujeitos mais ativos, participativos, pensantes e independentes.


 

Referências Bibliográficas:


MAHONEY, Abigail Alvarenga e ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. Afetividade e processo ensino-aprendizagem: contribuições de Henri Wallon. Psicologia da educação [online]. 2005, n.20, pp. 11-30. ISSN 1414-6975.


DANTAS, H. A afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon. In: LA TAILLE et al Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.b


GALVÃO, I. Henri Wallon: Uma concepção Dialética do desenvolvimento infantil. Petróplis-RJ: Vozes, 1999.


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