Vamos começar com uma reflexão importante: como podemos analisar o cotidiano escolar quando falamos em inclusão? Sabemos que o conceito de inclusão vai além de garantir a presença física de um educando com necessidades educacionais específicas na sala de aula. Trata-se de criar um ambiente no qual ele se sinta pertencente e valorizado.
Incluir é acolher cada singularidade respeitando as limitações, potencializando as capacidades e oferecendo apoio individualizado, seja em uma escola com recursos abundantes, seja em uma comunidade com menos estrutura.
A inclusão de sucesso depende de um currículo que acolha as diferenças oferecendo expectativas de aprendizagem realistas e possíveis para cada educando.
Segundo Andrei Müzel, palestrante e curador pedagógico da Impare Educação, alguns pilares fundamentais para pensar a inclusão incluem:
• Currículo inclusivo: como adaptar o currículo para que ele atenda tanto os educandos com altas habilidades quanto aqueles com deficiências intelectuais?
• Expectativas de aprendizagem: como definir expectativas que reconheçam o ponto de partida de cada educando e celebrem suas conquistas, por menores que possam parecer?
• Atendimento em rede: como criar uma rede de apoio que inclua a escola, a família e os serviços especializados?
• Equidade: acolher as prioridades garantindo oportunidades a todos e de acordo com suas necessidades e expectativas.
A especialista Márcia Painado trás a importância da instrumentalização pedagógica para a inclusão de sucesso. Termos como Plano Educacional Individualizado (PEI), também conhecido como Plano de Desenvolvimento Individual (PDI), que podem soar técnicos, são, na verdade, ferramentas essenciais para que possamos oferecer o suporte adequado a cada educando.
Ela explica que, ao criar um PEI ou PDI, precisamos ajustar o currículo e a conduta para garantir que o educando tenha um ambiente de aprendizagem acolhedor e produtivo, uma educação realmente inclusiva que atenda às suas necessidades. É preciso olhar para cada individualidade e pensar na adaptação e no apoio necessários, transformando o ambiente da escola e tornando-a aberta para conviver com a diversidade, com aulas contendo diferentes linguagens para diferentes formas de aprender. Na dificuldade do processo de aprendizagem, é preciso individualizar os procedimentos por meio de uma avaliação, de validação científica e da construção de instrumentos como o PEI ou PDI, que contemplam o indivíduo, a família, os terapeutas, os educadores do Atendimento Educacional Especializado (AEE), entre outros agentes.
Ela trás exemplos práticos de sucesso: em uma turma com 10 educandos, ela utilizou ajustes simples no plano pedagógico para atender a todos, criando um ambiente onde cada um teve suas necessidades atendidas.
Cada escola tem suas peculiaridades, e sabemos que a realidade das escolas brasileiras é bastante diversa. Algumas têm uma infraestrutura rica, enquanto outras enfrentam desafios com falta de recursos. Por isso, é importante pensar em práticas inclusivas que façam sentido para diferentes contextos. Aqui estão alguns exemplos de desafios que você, educador, pode estar enfrentando:
Exemplo 1:
Em uma escola com boa infraestrutura, você pode usar jogos colaborativos para envolver os educandos, adaptando propostas pedagógicas para atender diferentes necessidades. O desafio pode estar em como adaptar o currículo para garantir que todos se sintam incluídos.
Exemplo 2:
Em uma escola com poucos recursos, você pode trabalhar com um sistema de pares, no qual educandos neurotípicos ajudam aqueles que precisam de mais apoio.
A especialista esclarece que:
Existem barreiras que precisam de superação para uma verdadeira inclusão. São elas:
• Arquitetônica: eliminação ou desobstrução de barreiras ambientais;
• Atitudinal: prevenção e eliminação de preconceitos, estereótipos, estigmas e quaisquer discriminações;
• Comunicacional: adequação de códigos e sinais;
• Metodológica: adequação e flexibilização de técnicas e teorias, abordagens e métodos pedagógicos;
• Instrumental: adaptação de aparelhos, materiais, recursos e equipamentos pedagógicos;
• Pragmática: eliminação de barreiras invisíveis nas políticas e no amparo legal vigente.
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